quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Futebol. Como não amar?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Voa, Canarinho! Voa, Doutor!



Poucos presentes me marcaram tanto quanto aquele "Povo Feliz". Adorava ouvir o barulho da agulha da radiola no disco, antes do Capacete entrar fazendo samba. Aquela seleção que mandava o canarinho voar e fazia o povo feliz sempre me encantou. Mesmo nascendo 5 anos depois da tragédia de Sarrià, a escalação do escrete de Telê sempre esteve gravada na minha mente. Time dos sonhos. De mitos. Um por um. Conheci aquele grupo ouvindo o "pagode da seleção". Ao som de "Isidoro no pandeiro,Leandro na marcação, sou eu mesmo o partideiro, Sócrates, oviolão...", eles foram se eternizando na cabeça de um moleque apaixonado por futebol e que vezes ou outra, lembra de lamentar não ter visto aquela geração em campo. Tão reais, tão ídolos. Sócrates como um líder. Um Messias. Um norte. Alguém de quem eu sempre estava a postos para ouvir as histórias contadas por meu avô. "Aquele gol...aquele passe...aquele discurso nas Diretas...". Ídolo do povo feliz. Isto é Sócrates. Obrigado, Magrão. Voa! Voa, Canarinho!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

'Eu lamento, mas não vou sentir dor'


Na saída do campo de treino do Fazendão, René olhou de longe a concentração de jornalistas na sala de imprensa. A primeira coletiva após a saída de Jobson seria diferente. Olhar sereno e caminhada lenta. Na chegada, alguns cumprimentos. René estava triste, mas de coração aberto. Poucas perguntas e pouco mais de meia hora de conversa.

O treinador falou sobre a dedicação na causa do jogador e o desandar da carruagem. O treinador disse que não sabe medir se fez tudo o que esteve a seu alcance, mas deixou claro que não vai sofrer pela perda do jogador.


- Em respeito a tradição do Bahia e a seus torcedores, quem veste a camisa ou fala pelo Bahia, como eu, tem que ter a noção de que representa uma entidade bem antiga. Tem que ter profissionalismo e respeitar essa nação. Isso é um ponto. O outro é que ninguém ficou feliz com a situação. Foi um grupo que comprou a briga. Todos empenhados em ajudar o ser humano. Como jogador, ele tem ualidades altíssimas. Como ser humano, ele tem alguns problemas que precisam ser corrigidos. Todos os jogadores estavam empenhados e por diversas vezes, eles o ajudaram. Não sei dizer se fiz tudo, porque não era só o Jobson. Eu tenho que cuidar de um elenco de 31 jogadores. Tenho que cuidar dos que jogam, cuidar principalmente dos que não estão jogando, deixa-los motivados. Então não era só o Jobson.

Como jogador, ele tem qualidades altíssimas. Como ser humano, ele tem alguns problemas que precisam ser corrigidos"
René Simões

René lembrou de uma traumática experiência pessoal para ilustrar a sua dedicação no caso do atacante Jobson

- Tenho uma experiência de vida em que prometi a mim mesmo que jamais deixaria de ajudar alguém. Tinha um parceiro na época de 16, 17 anos. Íamos juntos para todos os lugares. Quando saí do colégio em que nós estudávamos e fui fazer um pré-vestibular, me afastei um pouco e o pai dele me disse que ele estava envolvido em drogas. Ele sabia que eu era radical com isso. Ele foi um dia na minha casa e eu rasguei ele de cima abaixo e disse muitas coisas para ele e não quis ouvi-lo. Lamentavelmente, dois dias depois ele deu um tiro na cabeça. E eu tive a dor de saber que tinha a última pessoa que ele tinha procurado ajuda. Ele queria falar. Precisava de ajuda e eu simplesmente joguei em cima dele toda a minha raiva e indignação por alguém que tinha caído em uma fraqueza. Então eu sempre prometi que isso jamais aconteceria comigo novamente. Eu sempre ajudaria. Lamentaria, mas não sentiria a dor. Hoje eu lamento se o Jobson não der certo. Mas não vou sentir dor porque ajudamos e muito a ele. Não foi por questão de drogas, mas o desgaste foi acontecendo.

Para René, a causa maior de mais uma chance jogada fora por Jobson foi o fato do atacante não ter conseguido administrar o fato de ter se tornado o principal jogador do time.

- O grande problema dele foi o fato de no Bahia não ter conseguido administrar o sucesso dele. Eu cheguei para ele e falei: “Rapaz, você é hoje e o jogador mais importante e não está sabendo lidar com isso. Você foi maltratado, ridicularizado, por muitos durante sua vida toda, porque sabia das histórias que ele me contou, e acho que agora você está usando isso como revanche para agredir as pessoas e não é assim, na hora que você se sente o vencedor você estende a mão par ajudar. Você não pode levar por esse lado”. Mas ele não administrou isso.

Com o novo comportamento do atacante, a relação com o comissão técnica e o restante dos jogadores desandou.

- Fora de campo o relacionamento começou a se deteriorar. Depois começou a deteriorar dentro de campo e então, não tivemos outra opção, a não ser tomar essa triste decisão. Eu particularmente lamente muito. Espero que ele tenha sacudido mais uma vez e descubra e consiga ele usar o talento que ele tem de jogar futebol porque ele não está sabendo usar – disse.

René disse que o jogador foi punido em diversas ocasiões com multas e afirmou que espera que a punição ao atacante sirva de exemplo para os jovens.

- Sou responsável por administrar o grupo e chegou ao ponto em que as situação que estavam ocorrendo, e que eu vou guardar com a gente, até por uma questão de proteger a todos, começou a incomodar o grupo todo. Ele foi punido. Tiramos muito dinheiro dele em multa, mas não deu mais. E tivemos que preservar a instituição, independente de quem fosse que estivesse cometendo esses erros. Infelizmente maturidade não é algo que eu possa injetar na veia da pessoa. Agora eu espero que ele sirva de exemplo para a juventude. Porque é preciso respeitar regras, eu digo sempre, fazer filho é fácil. O difícil é adotar. Por isso, adote seu filho, antes que a droga, ou o traficante saiba adotar - disse o treinador.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

110 dias do homem que não queria ser feliz

“Estou muito feliz de ter vindo para um grande clube e motivado para ajudar a equipe na Série A. O Atlético e o Botafogo já fazem parte do meu passado. Minha cabeça está somente no Bahia. Minha expectativa é arrebentar. Os caras estão me dando muita moral, então vou fazer o melhor possível para agradar à torcida.”

As palavras acima foram ditas por Jobson há 110 dias atrás. Tempo suficiente para recomeçar um vida. Tempo suficiente para driblar adversidades. Com explosão, talento e velocidade, Jobson deu pinta que assim faria. Antes disso, enfrentou, sempre com um sorriso no rosto, a desconfiança de todos. O garoto feliz disposto a agarrar com umas e dentes aquela que talvez fosse a sua última chance encantou René Simões. Destaque do time no Campeonato, artilheiro do Tricolor, querido por grande parte da torcida. Jobson tinha nas mãos a faca e o queijo. Tinha em mãos, a chance voltar a sonhar alto.

Mestre com as palavras, René muitas vezes assustou a todos com comparações e comentários empolgados sobre o pupilo. “Ele tem alma pura como Garrincha”, disse o treinador ainda na intertemporada para o Campeonato Brasileiro. René sabia do risco. Bancou a contratação, ouviu amigos. Foi a Dorival Júnior, Joel Santana, dirigentes e funcionários do Botafogo.

Mais do que ninguém, René tentou até o último momento estender a mão para Jobson. Um dia antes do anúncio da demissão do jogador, René falou sobre a situação do jogador. Triste, o comandante dava sinais que havia perdido a batalha. A série de punições educativas não fez efeito. René tentou, mas o atacante já não tinha a confiança do grupo. O Bahia, maior que tudo isso, não poderia se manter refém.

Jobson já não sorria como antes. Na sala de imprensa, desentendimento após uma pergunta. Em um treino, discussão com Carlos Alberto. A espera pela decisão da corte arbitral poderia ser a causa de tudo isso. Mas, o próprio Jobson tratou de provar que não era. Nas diversas ligações que recebeu, o procurador de Jobson, Antenor Joaquim, em momento algum tirou do Bahia a razão pela demissão. “Ele não assimila muito bem regras” definiu. Regras que fazem parte do jogo da vida e que Jobson resolveu ignorar.

110 dias depois de uma nova chance, todos voltam a perder. Perde o Bahia que sem o seu principal jogador na competição deve ter vida ainda mais dura no campeonato. Perde o Botafogo, que em momento algum deixou de estender a mão para Jobson. Perde Joel Santana, que disse se sentir um derrotado. Perde René que confiou até o último instante. Perdem a mãe, a esposa e o filho (de apenas 1 ano), que acreditaram ser possível. Perde o futebol, mas acima de tudo perde Jobson. Um talento jogado na lata do lixo e com chances praticamente nulas de reciclagem.

Que independente do resultado do julgamento da corte arbitral, ele tenha consciência suficiente para julgar a própria vida. Como bem disso, José Ilan, Jobson é apenas vítima de si mesmo. E assim, perdemos todos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Imortal sem esforço contra um fragilizado mortal

Ainda sem contar com os reforços anunciados nesta semana, o Grêmio entrou em campo para enfrentar o Bahia. O time baiano até começou a partida disposto a dificultar a vida do Imortal, mas em poucos minutos o ímpeto da equipe de René Simões transformou-se em apagão. A fraqueza do Bahia ficava evidente a cada jogada ofensiva do Grêmio. Sem precisar mostrar muita qualidade, o Tricolor gaúcho marcou duas vezes com Júnior Viçosa. Pelo alto ou com a bola no chão, a defesa do Bahia mostrou que vai precisar ganhar reforços. O placar do primeiro tempo, que definiu a partida, poderia ter sido muito maior, se o ataque gremista não desperdiçasse algumas chances. No segundo tempo, o Bahia voltou melhor, mas foi insuficiente para mudar o placar. Os reforços já anunciados devem melhorar a qualidade tanto do Grêmio, quanto do Bahia. Com Miralles, Marquinhos e Gilberto Silva o Imortal começa a ganhar corpo e será muito bem vindo na parte alta da tabela. Ao Tricolor baiano, ainda sem vitórias na competição, fica o alerta de que é preciso acordar na competição. Os pontos conquistados no começo vão se transformar na gordura a ser queimada de amanhã.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Como nos velhos tempos

Passaram-se 2.723 dias, 389 semanas, oitos anos. Para o torcedor do Bahia, uma eternidade. Uma era sem fim. O reencontro entre time, torcida e a Série A tornou-se um dia para a posteridade do clube. Bahia que volta como um gigante, que é, e lota as arquibancadas de Pituaçu com o maior público da rodada. Bahia que sem medo de ser feliz, arrisca e apresenta Ricardinho e Carlos Alberto como reforços.

Nem nos melhores sonhos, o torcedor que há quatro anos atrás recebia desconhecidos, e não menos simpáticos, do futebol nacional na Série C, sonharia com este domingo. Naquela época, enquanto o Bahia penava, Ronaldinho Gaúcho era eleito o melhor do mundo. E hoje na lágrima que escorria da face do torcedor que abraçava o desconhecido ao lado, a sensação era alívio, de emoção, de dever cumprido e de muita honra. As cores do primeiro campeão nacional estão novamente em evidência. O resultado premiou a paixão de uma torcida apaixonada, mas carente de glórias, apesar de acostumada a vencer. As velhas tardes de domingo estão de volta. O gol de Lulinha abriu caminho para um canto que foi tendência no final de 2010, voltar a cena. Só depois de tirar da garganta o grito entalado, o torcedor do Bahia, enfim pode dizer aos quatro cantos com toda a certeza do mundo: “Meu tricolor voltou”. O bom filho a casa torna. Fique a vontade, Bahêa

No meio do caminha havia o Messi do Cariri, Ribinha

Enquanto os olhares do mundo estavam voltados para a decisão da Champions, em Wembley, as torcidas de Icasa e Vitória destinavam suas atenções ao confronto entre as duas equipes no estádio Romeirão, em Juazeiro do Norte. Enquanto Messi brilhava em solo inglês, Ribinha mostrava, no interior cearense, quem era "o cara" do dia. Com dois belos gols do meia, o Icasa venceu o Rubro-negro baiano por 3 a 1. E Ribinha ainda construiu a jogada do terceiro gol cearense.

Comandando o meio campo do Icasa, o camisa 10 do Verdão do Cariri precisou de apenas um tempo para mostrar muita categoria e se tornar decisivo para o primeiro triunfo do time cearense na Série B. O Vitória mostrou falhas pontuais e sofreu com a falta de entrosamento entre os estreantes, principalmente no primeiro tempo. Na etapa final, o vice-campeão baiano cresceu em campo, mas não conseguiu igualar o marcador e no final, ainda levou mais um.

O Vitória volta a jogar na próxima sexta-feira, contra o Guarani, no estádio Barradão, em Salvador, às 21h. No sábado, o Icasa visita a Ponte Preta, no Moises Lucarelli, às 16h20m.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nos embalos de um pequeno gigante Tremendão


Quando a bola rolou para a partida decisiva do Campeonato Baiano neste domingo, o que se viu foi um time com gana de vitória. O Bahia de Feira mostrou desde os minutos iniciais que estava disposto a fazer história. Como na letra de Jonny Furacão, do xará Tremendão Erasmo Carlos, o time do interior mostrou desde cedo o desejo de querer ser campeão. Quem viu o baile do time feirense, que no segundo tempo dominou o Vitória, tinha a mesma certeza de Erasmo sobre Jonny Furacão: Bicho, esse cara ainda vai ser campeão.

O jogo começou agitado, mas era impossível não dar valor a dedicação com que os jogadores do time do interior dividiam cada bola. A entrega era evidente, mas quis o destino que o Vitória chegasse primeiro ao gol. Geovanni com maestria cobrou falta e fez Vitória 1 a 0. O Bahia de Feira sentiu o golpe e esteve a mercê de levar o segundo. Na bola que poderia decidir o campeonato, Elkeson partiu na frente, tal qual Jonny, em um pique diferente, mas de frente para o gol errou o alvo. A bola que poderia decidir o campeonato não entrou. Ao ver a pelota se perder pela linha de fundo, o goleiro do Bahia de Feira não gritou na direção de nenhum companheiro. Não reclamou. Jair apenas agradeceu aos céus como se sentisse que aquele lance acabava de mudar o rumo das coisas. No minuto derradeiro do primeiro tempo, os deuses do futebol presentearam o valente Tremendão. Escanteio na área, o goleador João Neto desvia de cabeça e o zagueiro Allysson escora para o fundo do gol de Viáfara.

Sem se exibir, como o Tremendão de Erasmo, aquele que gostava de teimar mesmo sem ter razão, o Tremendão baiano voltou para o segundo tempo com a mesma garra e força de vontade. Dominada, a equipe de Antônio Lopes mostrava falhas que ficaram escondidas durante todo o campeonato. Apesar da melhor campanha nas duas primeiras fases, o Vitória venceu apenas um dos últimos quatro jogos – perdeu duas vezes dentro do Barradão. No gol, Viáfara já não passava a mesma confiança. A defesa penava com a bola área. Os três volantes mosqueteiros já não passavam com qualidade e na frente, Nikão e Elkeson decepcionavam. Enquanto Geoavanni tentava ser decisivo, ainda que na bola parada, os outros dois não repetiam as atuações que aterrorizavam as defesas durante maior parte do campeonato. A fonte secou. Lopes pouco pode fazer para reverter o quadro, mas o Delegado tentou.

Do outro lado, o pequeno Bahia de Feira se agigantava. A base que ganhou o campeonato da segunda divisão estadual em 2009, chegou às semifinais da primeira divisão em 2010 e que venceu o Torneio Início deste ano, mostrava uma unidade invejável. Os excelentes Diones, Lau e Rogério faziam do meio de campo área de domínio exclusivo do time do interior. Na frente, os perigosos Carlinhos, João Neto e Bruninho, este já negociado com o Cruzeiro, infernizavam a defesa do Vitória.

E nos pés de João Neto, de bico, o Bahia de Feira deixava de ser apenas um pequeno em busca de um sonho. Com o segundo gol e o resultado necessário para o título, o Tremendão passava a ser o Bom, como nos tempos da Jovem Guarda. Os minutos finais ainda apresentariam um Vitória que, no desespero, se lançou ao ataque e parou nas mãos do heroi Jair. Se falamos de Erasmo, Jovem Guarda e Tremendão, impossível não lembrar o Negro gato. Com um felino heroico, o camisa 1 do Bahia de Feira segurou o ataque do Vitóra.

E em um sintonia encantadora o Bahia de Feira resistiu. A cada gesto do treinador Arnaldo Lira, que do lado de fora jogava junto com o time, a certeza da conquista ficava mais próxima. E quando Cléber Welington Abade apitou o final da história, o time de Feira de Santana transformou a noite chuvosa do Barradão em uma linda manhã de carnaval, como bem nos ensinou Erasmo, inspiração feirense. Coisa grande. Épica. Digna de um pequeno gigante Tremendão.


domingo, 8 de maio de 2011

No Baianão: Davi, Golias e o penta mais próximo

O peso de entrar em uma decisão como favorito poderia assustar o jovem time do Vitória. No entanto, como bem definiu Antônio Lopes, no final do jogo contra o Bahia de Feira, neste domingo em Feira de Santana, o time rubro-negro teve maturidade para correr atrás do placar, por duas vezes. Com o empate em 2 a 2, o time da capital trouxe a decisão para casa, onde vai jogar sem a obrigação de vencer. Ao valente e forte time do Bahia de Feira resta jogar com fez neste domingo, mas sem dar oportunidades ao rival. No jogo, o time do interior fez bem o seu papel durante boa parte do segundo tempo. Se comportou como um heroico Davi diante do gigante Golias vermelho e preto.

O primeiro tempo foi muito fraco tecnicamente. Poucas chances foram criadas. A partida parecia uma homenagem ao baixo nível técnico do campeonato. Mas a movimentada etapa final, com os 4 gols do jogo, presenteou o bom público presente no estádio Joia Princesa, em Feira de Santana. As duas melhores equipes da competição poderiam fazer mais. Qualificado, o time de Feira de Santana voltou para o segundo tempo disposto a fazer o seu jogo. O Tremendão precisava do resultado para chegar em Salvador mais tranquilo. E quando foi para cima, o qualificado Tricolor do interior expôs o time do Vitória, mostrando falhas no sistema defensivo da equipe de Lopes e provando que o Leão da Barra não é invencível. No entanto faltou agir como o Davi durante os 90 minutos.

Quando se “apequenava”, o Bahia de Feira se via diante de um clube que joga pela maior hegemonia do país. Caso conquiste o título, o Vitória chegará a seu nono estadual nos últimos dez disputados. Com maturidade para absorver as falhas, o Vitória correu atrás do placar. Quando Diones fez um 1 a 0, Elkeson buscou o empate. E quando Carlinhos colocou de novo o Bahia de Feira em vantagem, Renié igualou mais uma vez o placar. A decisão ficou para Salvador. Diante de um Barradão lotado, o Vitória é mais do que favorito. Tem nas mãos a faca e o queijo rumo à conquista do inédito pentacampeonato. A boa campanha ao longo da competição dá ao Rubro-negro o direito de jogar com o regulamento, por um simples empate. Com a necessidade de vencer, o Bahia de Feira vai jogar tudo o que pode nos minutos finais, então será preciso um Vitória Golias e que não dê chance ao adversário

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um épico 'ganhou, mas não levou'

Ao torcedor do Vitória ficará a lembrança de uma derrota com sabor de triunfo. Ao do Bahia, três pontos amargos, mas também o aplauso ao time lutador. Aos amantes do futebol, um clássico épico. René Simões colocou o Bahia no ataque. O resultado era fundamental para a sobrevivência tricolor. Antônio Lopes, imaginando o perigo, deixou o time precavido.


Em campo, Bahia e Vitória travaram um batalha digna do clássico. O Bahia não teve vergonha da história que carrega e foi para cima. O Vitória com seus meninos assustou-se, mas levantou a tempo de colocar o regulamento embaixo do braço e ser feliz. No Ba-Vi do Barradão, o Bahia mostrou o que lhe faltou no primeiro jogo, vontade de vencer. Com a melhor formação que poderia colocar em campo, René colocou Jancarlos, Danny Morais, Camacho, Lulinha e Maranhão. E assim, assistimos um outro Bahia, em relação ao time que não honrou o manto tricolor no domingo anterior.

Lopes não tinha o que fazer, a não ser escalar o Vitória de sempre. A gana pela vitória transformou o Bahia em um time que tinha sede de história. Por outro lado, a gana tricolor nos apresentou um Vitória disposto a não morrer na praia. Sedento de justiça. Cheio de vontade de colocar o time de melhor campanha na decisão do estadual. E assim, tivemos um clássico épico.

O Bahia logo nos primeiros minutos abriu o placar. Antes da metade do primeiro ato, pênalti para o Vitória e Geovanne deixou tudo igual. No segundo tempo, a história se repetiu. Outra vez Marcone. Outra vez nos minutos iniciais. Bahia 2 a 1. E um épico clássico escrito para a posteridade. Quando Neto Baiano empatou o confronto, pela segunda vez, tirou do torcedor rubro-negro o grito preso na garganta. O gol obrigava o Tricolor a marcar mais duas vezes.

Apesar da leve superioridade não restava tempo. Era o futebol fazendo justiça e premiando a equipe mais equilibrada durante o torneio. O Bahia ainda chegaria a justa vitória com Souza, de pênalti, no minuto derradeiro, mas era pouco. Restou ao time de melhor campanha a vaga na final. Ao Bahia restou a sensação de que na despedida do estadual, o treinador encontrou o time ideal. Os reforços, muito bem vindos desde que compromissados, podem ajudar. Jobson e Carlos Alberto são as bolas da vez. Não há dúvidas de que o talento destes jogadores podem ajudar o Bahia a pensar grande na Série A .

Manter-se na Primeira Divisão pode ser o ideal para quem há sete anos não frequenta a elite, mas é pouco para quem se acostumou a ser grande, como é o Tricolor baiano. Ao Vitória restam mais dois jogos contra o valente Bahia de Feira de Santana. Os meninos de Lopes podem fazer história e sabem disso. Para a Série B é preciso pensar mais longe, mas o foco neste momento é o Baianão. E assim é preciso “apenas” ser Vitória, time de maior hegemonia no país, nos tempos atuais. O favoritismo fica na capital, mas o time do interior já mostrou do que é capaz. Não se assustem com a trupe do bom atacante João Neto e do brilhante goleiro Jair. A segunda maior cidade do estado tem um representante e que, como há anos não acontecia, honra o nome que carrega. Mais dois Ba-Vis decidem o Bainão 2011, mas Ba-Vis com ingredientes interioranos.

A sorte está lançada. O inédito pentacampeonato ou o também inédito título do Bahia de Feira é o que temos a oferecer. Independente do resultado, estará escrita a história.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Ba-Vi da justiça em 110 segundos


O ponteiro do relógio que marca os minutos não havia concluído a sua segunda volta quando Geovanni, de falta, definiu o marcador do Ba-Vi para o Vitória. O belíssimo gol do experiente atacante rubro-negro, marcado a 1 minuto e 50 segundos, colocou o Leão da Barra em vantagem no placar antes que fosse possível fazer qualquer tipo de leitura da partida. No entanto, o gol Rubro-negro fez justiça a distintas campanhas.

O futebol, quase nunca, costuma ser justo, mas neste domingo de Páscoa, os deuses do futebol resolveram presentear o melhor time da competição com mais esta vantagem. O Bahia da irregularidade precisaria correr atrás do placar desde muito cedo. E então o que de fato se viu foram duas equipes muito diferentes.

Os meninos de Antônio Lopes mostraram uma postura de gente grande. Como durante todo o campeonato, os jogadores que entraram em campo tinham o espírito de grandeza do Rubro-negro baiano, diferente dos jogadores que vestiam a camisa do Bahia. Ainda sem muita culpa no cartório, René Simões sabe que terá muito trabalho para organizar o Tricolor e fazer deste grupo um verdadeiro representante das cores do clube duas vezes campeão nacional.

O clássico deste domingo pecou no nível técnico. Mas presentou quem mais demonstrou vontade de vencer. Tão nervoso quanto na última quarta-feira, quando foi goleado pelo Furacão, pela Copa do Brasil, o Bahia entrou no clássico sem atitude. O Vitória mostrou erros que não havia demonstrado ao longo da competição, mas como bem definiu Antônio Lopes, venceu o Ba-Vi na base do equilíbrio e da superação.

Ao Bahia restou o quase. Após perder Helder, expulso, na etapa final, o Tricolor até passou a levar perigo ao gol de Viáfara. No entanto, a atitude mostrada em uma pequena parte do segundo tempo, transformou-se em cansaço nos minutos finais e resumiu-se em muito pouco para quem depois de 10 anos sem taça pretende conquistar um Campeonato Baiano. E menos ainda para quem após sete anos voltará a disputar uma Série A, que começa em menos de 30 dias. É preciso correr contra o tempo. O lateral Ávine, que sem jogar há dois meses, foi para o clássico, era o retrato do time Tricolor. Sem forças, abatido e a espera do apito final.

Coroado com o triunfo, o time de Lopes ainda não passa confiança suficiente para encarar um complicada Série B, mas dá provas de que no estadual está um nível acima dos demais. No entanto, a batalha ainda não acabou e o Vitória precisará diante de sua torcida, no Barradão, confirmar o status de melhor da competição, para em seguida fazer a final contra um dos representantes do interior que disputam a outra semifinal. O Vitória pode até perder por um gol de diferença, que, ainda assim, estará garantido na decisão do Campeonato Baiano.

Na outra semifinal, o Bahia de Feira de Santana venceu o Serrano, de Vitória da Conquista, por 2 a 1, jogando fora de casa e, assim como o Vitória, ampliou ainda mais a vantagem que tinha. O time feireinse pode até perder na partida do próximo domingo, que marcará presença na final do estadual.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Baianão de um bem feitor interiorano

A segunda fase do Campeonato Baiano chegou ao fim e trouxe consigo novidades importantes para o futebol da Boa Terra. O Vitória sobrou no seu grupo e alcançou a marca de 10 jogos sem perder na competição, com 9 triunfos. Enquanto isso, o Bahia dormiu no ponto e pagou pela irregularidade ao longo da competição.

Após o péssimo começo de campeonato e um turbulento trecho final de segunda fase, restou ao Tricolor a segunda colocação no seu grupo e o encontro prematuro com o maior rival já nas semifinais.

Após cinco anos, o Campeonato Baiano voltará a ser decidido sem um dos integrantes da dupla BaVi. Independente dos problemas do Bahia, o estadual de 2011 antes mesmo de chegar ao final premia o interior do estado e faz do Bahia de Feira de Santana, líder do grupo do xará da capital, um grato intruso que só benefícios trouxe ao futebol baiano.

A conquista feirense garantiu um clube do interior na decisão - o Bahia de Feira enfrenta nas semifinais o Serrano de Vitória da Conquista. Além disso, o clube deu ao estado algo que a Federação Bahiana de Futebol pleiteia há alguns anos, a terceira vaga para a Copa do Brasil. O regulamento prevê que campeão e vice do estadual se classificam automaticamente para a competição nacional do ano seguinte. Já o time da capital que sair derrotado do BaVi precoce não deve ficar ausente da Copa do Brasil 2012, uma vez que os dois clubes se encontram entre os 20 melhores clubes do país no ranking da CBF e deve ser agraciado com um convite da entidade. Além disso, caso Bahia e Bahia de Feira avancem para as finais, o campeonato será decidido no interior do estado, o que não ocorre desde 2001, ano do último título estadual do Bahia, quando o Tricolor derrotou o Juazeiro, no estádio Adauto Morais.

Enquanto ao dois BaVis, que decidirão uma vaga na grande final, a expectativa é de muito equilíbrio. O Vitória que não perde há dez partidas conhece bem a força do adversário que terá pela frente. A última derrota foi justamente para o Bahia. O Tricolor que abusou da falta de regularidade ganhou a confiança do torcedor e rapidamente a deixou escapar. Com René Simões e reforços que retornam (ou estreiam) em boa hora, o time tem de volta a chance de entrar nos trilhos. Antes tem no caminho o Atlético-PR, com quem decide vaga nas quartas de final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, na Arena da Baixada.

Por outro lado, o time de Antônio Lopes não tem o que temer. O time foi o melhor na competição com sobras. O ataque com três homens de frente e sem um camisa 9 de ofício tornou-se a principal arma. O garoto Nikão cresceu na competição e se tornou o grande jogador do clube na temporada. E assim, sem medo de ser feliz, os garotos de Lopes terão pela frente duas batalhas épicas contra a renascida das cinzas turma de René Simões. Promessa de uma bela história a ser escrita.

O vencedor do confronto vai como favorito ao interior do estado enfrentar Bahia de Feira de Santana ou o Serrano de Vitória da Conquista, mas sabendo da força dos pequenos desbravadores de feitos históricos. A sorte está lançada e o Campeonato Baiano, que como todo estadual teve seus momentos de letargia, agora se torna um gigante em emoção. Que se faça a história.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Na relargada, apagão do Bahia e Vitória sem dificuldades

A dupla BaVi estreou neste domingo na segunda fase do Campeonato Baiano. O Bahia foi a Vitória da Conquista enfrentar o time de mesmo nome, enquanto o Vitória enfrentou, também fora de casa, o Camaçari.

O Bahia de Vágner Benazzi, que vinha em uma crescente na competição, sofreu um verdadeiro apagão. Dominado pelo time do interior desde os primeiros minutos, o Bahia só assistia. Ramon não fazia bem a contenção, assim como os laterais, Dodô e Marcos, deixando a defesa exposta. O Vitória da Conquista chegou ao gol, logo aos 6 minutos, com Lei. O “Bode” dominou todo o primeiro tempo, mas não conseguiu ampliar o placar. Irritado, Vágner Benazzi decidiu mudar antes mesmo do intervalo e improvisou o recém-promovido Gabriel no lugar do lateral esquerdo Dodô.

No segundo tempo, a partida parecia que teria o mesmo desfecho da etapa inicial, mas o Bahia achou um gol logo nos minutos iniciais, com o lateral Marcos, que acertou um belo chute de fora da área, empatando o jogo. O Bahia melhorou em campo, mas ainda rendia abaixo do esperado e o Conquista continuava a mandar no jogo.
No entanto, os 40, em um lance polêmico, o juiz marcou pênalti para o tricolor. Ramon bateu e virou o jogo, mas nos acréscimos, Lei bateu falta com perfeição e empatou a partida. Apesar de ter cedido o empate no último minuto, o resultado terminou ficando de bom tamanho para o Bahia.

Enquanto isso, em Camaçari, contra o time da casa, o Vitória assumiu a liderança do seu grupo jogando somente o necessário. O atacante Elkeson confirmou a boa fase e marcou o primeiro, após escanteio cobrado por Geovane. O segundo foi marcado pelo meia Nikão, que desde que entrou no time, assumiu a responsabilidade da camisa 10 e ganhou a confiança de Antônio Lopes. No segundo tempo, restou ao time rubronegro administrar o resultado.

A primeira rodada da segunda fase confirmou o que já era esperado. O Vitória deve seguir como protagonista do seu grupo, enquanto o Bahia, em um grupo considerado mais difícil, terá que mostrar muito mais futebol do que o mostrado na relargada da competição.

Também no Blog do Lédio Carmona: Na relargada, apagão do Bahia e Vitória sem dificuldades

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A motivação Benazzi

Dois dias após ser anunciado como técnico do Bahia, Vágner Benazzi chegou a Salvador e apesar de não conhecer o grupo, decidiu comandar o time no BaVi do banco de reservas. Estava criada a motivação Benazzi. Uma conversa até às 2h com o auxiliar Chiquinho de Assis foi o suficiente para que o treinador promovesse algumas mudanças. E assim, sob a tutela do “Rei do acesso”, viu-se em campo um outro Bahia, mais agressivo, mais perigoso e acima de tudo mais motivado.

Vestindo uma camisa alusiva ao histórico título do estadual de 94, o Bahia se apresentou melhor do que nas últimas ocasiões. O meia Ramon, que fez sua estreia com a camisa tricolor distribuía bem a bola e fazia o tricolor chegar com perigo. Os três volantes tricolores faziam bem a contenção, ainda assim, pelo lado rubronegro, Rildo criou perigosas ações.

Nos minutos finais do primeiro tempo, a BaVi ganhou mais um ingrediente de grande clássico, a polêmica. Elkeson foi derrubado na área por Ramon. O árbitro Jailson Macedo Costa considerou o choque como lance normal. Minutos depois, no último lance de ataque do Bahia no primeiro tempo, o volante Marcone apareceu como homem surpresa em um contra golpe rápido e acertou um belo chute de fora da área para abrir o placar para o tricolor. Na comemoração um abraço e muita vibração com o boleiro Benazzi. Já os rubronegros reclamaram de uma falta na origem da jogada.

O segundo tempo foi joado com os nervos a flor da pele. O time de Antônio Lopes mostrava-se nervoso em campo. Muitas reclamações e discussões com o árbitro. Aos 20, Uelinton acertou uma cabeçada em Rafael Jataí e deixou o Vitória com um homem a menos. O golpe de misericórdia aconteceu três minutos depois. Marcone foi derrubado na área pelo lateral Ernani. Pênalti. Na cobrança Avine bateu com uma cavadinha displicente e Viáfara defendeu, no entanto, o goleiro se adiantou para a defesa. O auxiliar entregou e o árbitro mandou voltar a cobrança para revolta dos rubronegros. Avine bateu no mesmo canto, mas desta vez com seriedade. Bola forte e no alto. Bahia 2 a 0.

O Vitória perdeu a cabeça e a esportiva. Neto Baiano fez falta dura em Avine e foi expulso. Com o placar nas mãos, o Bahia passou a tocar a bola para alegria da maioria dos 14 mil torcedores presentes no estádio. Benazzi ainda terá muito trabalho para frente, a chegada dos colombianos Tressor Moreno e Mosquera devem ajudar. Que o resultado BaVi representante um renascimento para o tricolor. A situação ainda é complicada no estadual, apesar dos três pontos do clássico, o tricolor segue na vice-lanterna do seu grupo.

Pelo lado rubro-negro, Lopes sabe que precisar acertar o time. Praticamente classificado no estadual, o time perdeu a segunda partida consecutiva, uma vez que foi derrotado na última quarta-feira pelo Botafogo-PB pela Copa do Brasil. É momento de corrigir os erros, mas de forma rápida, esta quarta o time joga a primeira decisão do ano, precisando vencer e tirar a diferença de gols contra o time paraibano. É hora de por em prática, o sempre decisivo Fator Barradão.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Dupla chance

Vágner Benazzi é o novo técnico do Bahia. Seis dias após efetivar no cargo o auxiliar Chiquinho de Assis, a diretoria decidiu entregar o comando do time a um treinador com maior bagagem no futebol profissional e com um forte nome no mercado.

Benazzi foi demitido na última semana do comando do Avaí. Ele assumiu o comando do time catarinense no final do Campeonato Brasileiro de 2010, e salvou a equipe do rebaixamento para a Série B, além de levar o time às quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Porém após um começo ruim de campeonato estadual, mesmo problema que derrubou o então técnico tricolor Rogério Lourenço, Benazzi foi dispensado.

Aos 56 anos, Benazzi assume pela primeira vez o tricolor. Apesar disso, seu nome sempre era lembrado nas especulações para o comando do Bahia. Vagner Benazzi é paulista e antes de ser treinador foi lateral direito. Já como técnico trabalhou em diversas equipes do futebol brasileiro, principalmente no interior de São Paulo. Entre os principais clubes que comandou, estão Portuguesa-SP, Figueirense-SC, Avaí-SC, Naútico-PE e Vila Nova-GO.

Benazzi é considerado o rei do acesso, devido aos 12 que conquistou na carreira, entre competições estaduais e divisões do campeonato brasileiro, além de quatro estaduais e a Série B de 1998. Vagner Benazzi chega à capital baiana no próximo sábado e assistirá o clássico BaVi. A diretoria do Bahia agradeceu a Chiquinho de Assis e anunciou que ele volta para a função de auxiliar técnico.

Benazzi pode não ser unanimidade e é fato que terá muito trabalho para acertar o time do Bahia, mas como todo respeito a Chiquinho, diante do contexto da situação, foi uma escolha acertada. O erro, sem dúvida, foi a efetivação precoce de Chiquinho. Benazzi já é uma realidade no futebol brasileiro, mas pela primeira vez comanda um time campeão nacional. Ao que tudo indica é uma dupla chance. Tanto o Bahia, quanto Benazzi devem começar agora a traçar um 2011 mais feliz.

"Recordar é viver, Bobô acabou com você" 22 anos

19 de fevereiro. Há 22 anos, no Beira-Rio, diante de Internacional de Porto Alegre, o Bahia sagrava-se Bi Campeão Brasileiro.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A segunda aposta

Depois de um épico final de ano, o Bahia entrou em 2011 cheio de incertezas. Enquanto a base do time que conquistou o acesso à Série A era desmontada, a diretoria fez uma aposta de risco e contratou Rogério Lourenço. O treinador iniciou o trabalho e foi determinante na contratação de jogadores jovens, muitos que se destacaram nas seleções de base, mas estavam sem espaço em seus clubes. Porém, após cinco rodadas de estadual, o time não deu liga e Rogério caiu. Vadão, sempre lembrado pela torcida pelo bom trabalho em 2004, foi a primeira opção e disse não. Mesma resposta dada por Geninho. PC Gusmão passou a ser a bola da vez, mas sem evolução nas negociações, a diretoria resolveu efetivar o auxiliar Chiquinho de Assis. Uma segunda aposta (de risco) em menos de dois meses, e justamente no ano em que o tricolor volta a sonhar alto, figurando outra vez na elite do futebol brasileiro, após sete anos de ausência.

Chiquinho de Assis é um velho conhecido do futebol baiano, começou a carreira há mais de 20 anos e obteve sucesso comandando as categorias de base de Bahia e Vitória. Foi responsável por revelar jogadores como Dida, Úeslei, Marcelo Ramos e mais recentemente Hulk e David Luiz. A experiência com jogadores jovens foi um fator determinante para a “promoção” de Chiquinho. A média de idade do time tricolor é de 23 anos.

Entre 2006 e 2010, Chiquinho esteve no futebol norte-americano, onde comandou o Miami FC e chegou a trabalhar com os tetracampeões mundiais Romário e Zinho. Ainda assim, vale lembrar que apesar de ter comandado um time de profissionais, nos Estados Unidos, Chiquinho disputou a USL (United Soccer League), uma liga independente e alternativa à principal liga do país, a MLS (Major League Soccer). No ano passado, Chiquinho voltou ao Bahia como auxiliar técnico e comandou o time B, na disputa do Campeonato do Nordeste.

Carioca de Niterói, Chiquinho é uma figura querida e com inúmeros serviços prestados ao futebol baiano, no entanto, sua efetivação após algumas recusas somadas à falta de opção no mercado deixa sobre o treinador o estigma de interino, convivendo com sensação de que pode ser substituído a qualquer momento. Além disso, a falta de união do elenco é algo visível no Fazendão, o que leva ao questionamento de que se seria Chiquinho, já envolvido na situação, a pessoa mais apropriada para resolver o problema. A missão não é das mais fáceis. O rival Vitória passou por experiência parecida no ano passado, quando deu ao assim como Chiquinho, auxilar Ricardo Silva, a chance de comandar o time. Ricardo foi campeão estadual e vice da Copa do Brasil. Demitido após um começo ruim de campeonato, voltou como solução até perder o cargo outra vez. O final da história não foi das melhores para o rubronegro que terminou rebaixado.

A Chiquinho resta saber lidar com as críticas, que diante de todas as circunstâncias serão ainda mais pesadas em caso de erros. À direção, com sua nova aposta, cabe reforçar o time e dar autonomia ao treinador, sem nenhum tipo de ingerência em seu trabalho. Questionada ou não, a escolha já foi feita. Agora é preciso arrumar a casa. O momento pede paciência. Um novo erro pode custar caro ao ano da realização da sonhada volta à Série A.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O melhor mascote do mundo

Da série "Pode isso, Arnaldo?" : Cebolão, o mascote do Itabaiana, clube que leva o nome da cidade sergipana que é potência na produção de cebola. Como diria Fagner: "Teu amor é cebola cortada meu bem".

Descoberta rara de Edimario Duplat

E foi-se a aposta...


Durou pouco a aposta feita pela diretoria do Bahia para comandar o clube na temporada 2011. Anunciado no dia 7 de dezembro de 2010, Rogério deixa o cargo, exatamente dois meses depois. Depois comandar a pré-temporada, o treinador esteve a frente do tricolor nos cinco jogos disputados até o momento pelo Campeonato Baiano, e venceu apenas uma partida. O pífio começo de temporada, justamente no ano em que o Bahia volta a figurar entre os grandes no cenário nacional, rendeu a demissão do treinador.

Rogério comandou o Bahia no dia 16 de janeiro, na estreia do campeonato contra o Serrano e perdeu por 2 a 1. Na sequência, no dia 23, em Pituaçu, venceu o Feirense por 2 a 0. Três dias depois empatou com o Ipitanga em 3 a 3. No último dia 30 perdeu em casa para o Fluminense de Feira de Santana por 2 a 1, e neste domingo (6), voltou a ser derrotado, desta vez para o maior rival, Vitória no primeiro BaVi do ano.

Em nota, o treinador agradeceu ao clube: "Agradeço a toda diretoria do Bahia, ao Presidente Marcelo Guimarães Filho, ao Professor Paulo Angioni e aos funcionários do clube, que confiaram em mim e apoiraram nosso trabalho. Agradeço também aos profissionais de imprensa que cobriam o dia a dia dos treinamentos no Fazendão e puderam perceber que nosso trabalho sempre foi feito com empenho, dedicação e profissionalismo. Infelizmente, os resultados não vieram e todo torcedor do Bahia, que sempre me passava incentivo nas ruas, pode ter certeza que estarei torcendo pelo sucesso deste clube e também deste grupo de atletas que está se formando".


Brigas e grupo rachado

Sem a base de 2010 e com inúmeras contratações, Rogério Lourenço teve que lida com brigas e confusões. No dia 22 de janeiro, durante um treinamento, o atacante Bruno Paulo e o zagueiro Luisão se desentenderam. O atacante Souza entrou na confusão em defesa do colega de ataque e o treino terminou em confusão com os três jogadores sendo expulsos da atividade pelo treinador. Seis dias depois, o clima voltou a esquentar no Fazendão. O atacante Jael agrediu um diretor do clube e terminou dispensado. Além disso, de acordo com profissionais que cobrem o dia-a-dia do clube, era nítido o racha no grupo. As panelinhas são perceptíveis, diferente do grupo unido que levou o clube de volta à Série A em 2010.

A faca de dois gumes

Contratado sem a aprovação da torcida, Rogério Lourenço teve participação direta na contratação da maioria dos reforços tricolores para a temporada. Jogadores jovens, considerados revelações que não deram certo em seus clubes de origem, mas que passaram pelas mãos de Lourenço nas seleções de base do Brasil chegaram com a confiança do treinador. A saída de Lourenço representa também a queda de um planejamento feito a partir da sua chegada. O exemplo de 2009, quando Galo deixou o comando do clube depois de trazer um grande número de jogadores de sua confiança, fazendo com que o clube penasse na Série, não deve ser esquecido. No entanto, é bom lembrar que o responsável pelo sucesso tricolor em 2010, Márcio Araújo também chegou no meio do caminho.

Três nomes ganham força para assumir o tricolor

Com a queda de Rogério Lourenço, o auxiliar técnico Chiquinho de Assis assume provisoriamente o comando da equipe. Para substituir Lourenço três nomes ganharam força no Fazanedão. O mais forte deles parece ser o de PC Gusmão, demitido recentemente do Vasco e com um bom trabalho feito à frente do Ceará, quando conseguiu o acesso à Série A em 2009 e fez um excelente começo de Campeonato Brasileiro em 2010, figurando com o clube cearense nas primeiras colocações. Outro nome é o de Oswaldo Alvarez, o Vadão, que inclusive tem o aval da torcida. Vadão comandou o Bahia na temporada 2004 e deixou escapar o acesso à Série A, na última rodada do quadrangular final. E o terceiro nome é o de Geninho, demitido neste domingo, do Sport Recife. Os três são considerados treinadores com experiência, diferente de Lourenço. No entanto, não seria mais novidade, o anúncio de algum treinador-experiência, por parte de Paulo Angioni e Marcelo Guimarães Filho.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Trio Elétrico do Delegado



Antes mesmo da bola rolar, o primeiro BaVi de 2011 já estava condicionado a entrar para a história. O Bahia dependia do clássico para amenizar um crise que começou com um início ruim de campeonato. Um derrota poderia custar o emprego do técnico Rogério Lourenço e aumentar a crise que rompeu os gramados e terminou na dispensa do artilheiro do time, Jael, que na semana passada agrediu um diretor do clube. A instauração do caos dependia do resultado do jogo.

Já Vitória, ainda sob desconfiança do torcedor, entrou em campo disposto a fazer sua própria história. O clube não vencia o Bahia no Barradão desde 2006. De lá pra cá, nove jogos. Um tabu inconveniente, se levado em conta que graças ao santuário rubronegro, em duas décadas o Leão levantou mais taças de campeão do que tinha em noventa anos de vida. Além disso, o clássico deste domingo foi o primeiro em 19 anos, em que o Vitória, rebaixado no ano passado, entrou em campo um degrau abaixo do maior rival, que depois de sete anos voltou a Série A, no cenário nacional.

Então, se restava ao clássico a obrigação de ser histórico, nada mais justo do que um homem de muitas histórias, assumisse o posto de heroi, seu nome: Antônio Lopes. Quando assumiu o Vitória há poucas rodadas do final do Brasileiro do ano passado, Lopes fez respirar um time que agonizava, mas no fim, deu-se o pior. Apesar da queda, preferiu ficar e escrever a história à sua maneira.

No BaVi deste domingo, o primeiro tempo abaixo do esperado deixou os 14.835 pagantes sem muitas esperanças de ver um futebol que honrasse o clássico. Restou ao Delegado Lopes, o papel de alterar o rumo da coisa. Sem que fosse preciso trocar jogadores, o treinador rubronegro mudou o Vitória da segunda etapa. Da conversa de pé de ouvido no vestiário, saiu um Vitória disposto a vencer. Um Vitória onde o trio ofensivo Elkeson, Rildo e Neto Baiano pode mostrar que a confiança dada por Lopes não foi sem merecimento. Em dois minutos, Neto e Elkeson fizeram 2 a 0 e praticamente mataram o jogo.

O Bahia sentiu o golpe e foi um time perdido na maior parte do segundo tempo, com praticamente um único lampejo de reação em uma cabeçada de Pedro Beda defendida milagrosamente por Viáfara. A falta de rumo afetou até o técnico Rogério Lourenço, que tirou de campo o volante Boquita, que havia entrado no final do primeiro tempo e havia dado mais qualidade à saída de bola tricolor. No final, Rildo fez o terceiro e mostrou que o trio elétrico do Delegado pode dar o que falar. Apesar do triunfo, Lopes reconheceu que o time pecou em muitos pontos e prometeu melhorias. Ainda assim, avanços foram visíveis, como a boa atuação dos laterais recém-promovidos da base, Romário e Leo, que anularam as principais jogadas do Bahia pelos lados.

Ao Bahia, na quinta colocação e três pontos atrás do quarto colocado, resta juntar os cacos e refletir sobre a crise. Depois de perder a base do acesso, demitir Rogério Lourenço após a chegada do caminhão de contratações dos seus “garotos de confiança” pode ser um grave erro, no entanto mantê-lo diante do resultados ruins e do clima de insatisfação da torcida também é algo que pode custar caro no futuro. A faca de dois gumes está nas mãos da diretoria.

No lado rubronegro, o Delegado sorri de forma serena e segue o trabalho, apesar do trio elétrico, ele sabe muito bem que não há espaço para carnaval.

Também no blog do Lédio Carmona » O trio elétrico do delegado »

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pela hegemonia do Barradas

O Vitória tenta quebrar no próximo domingo, um incômodo tabu. Jogando em seu próprio estádio, o rubronegro não vence o maior rival há cinco anos. De lá pra cá, já foram disputados 10 jogos. Apesar de não levantar uma taça do campeonato baiano há 10 anos, o tricolor se acostumou a jogar nos domínios rivais. Nesse período sem vencer o Bahia, o Vitória chegou a cair por 4 a 1, em uma goleada histórica.

Considerado um verdadeiro divisor de águas do futebol baiano, o Barradão deu ao vitória a atual hegemonia estadual. Graças a ele, em duas décadas o Leão levantou mais taças de campeão do que tinha em noventa anos de vida.

E lá o Vitória chegou à incrível marca de mais de oito anos de invencibilidade em BaVis. Foram 18 jogos entre 5 de abril de 1998 a 21 de maio de 2006. De lá pra cá, foram nove jogos, com seis vitórias para o Esquadrão e três empates.

E o plano atual do tricolor é manter a escrita. Do atual elenco, o lateral-esquerdo Ávine, o zagueiro Nen, o volante Marcone, e os meias Ananias e Maurício, já disputaram o clássico. Pelas bandas rubronegras, o destaque fica por conta do zagueiro Alison, que marcou era defendendo o tricolor, inclusive marcando gols em BaVis.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Um demodé feito pra vender

Entre um canção e outra, a bola rola nos sonolentos estaduais. E entre uma peleja e outra, já temos crises instaladas em diversas partes do país. A maior delas, no Vasco da Gama. Mas nas bandas nordestinas, a tal crise já ganhou até contornos agressivos. E depois do soco do atacante Jael, o Cruel, no desconhecido diretor assistente de Paulo Angioni, a crise made in Bahêa pode ter contornos ainda piores para os dois lados. O clube estuda uma punição, que pode até ser uma rescisão contratual. No entanto, diante dos pífios resultados na estadualzzzzzzzzzz ficar sem o principal goleador pode ser uma punição ainda maior ao próprio clube.

Enquanto isso, rumores apontam para um grupo (já!!!) não muito unido, com as primeiras formações de panelas, diferente de 2010, quando Márcio Araújo conseguiu dar liga. Enfim, é muita informação. Muita crise pra pouco futebol. É muito "veja bem" para um clube que depois de tantos anos, enfim parecia ter entrado nos trilhos. Como dizia o Maluco Beleza: "É muita estrela pra pouca constelação". Continuo sonolento para os estaduais, mas sem deixar passar a grande campanha do Esquadrãozinho na Copa São Paulo Sub-18. A eles, minhas homenagens e nada maiszzzzzzzzzzz.



Aliás, depois disso, volto pra canção: "a mentira que acomoda é um demodê feito pra vender"



Voltei


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mundial de Clubes tem de ser logo ali! *

Por João Eça (@balaotex)

No início, não gostava muito da música “Vamos Subir, Esquadrão”, por achar importada das torcidas do sul do Brasil, quando temos na Bahia grandes hits de axé e pagode que combinam e muito com as arquibancadas. Mas, me rendi quando vi o grito de guerra ser cantado de forma enlouquecida em bares, ônibus, praias e aeroporto. No refrão “Vamos Subir, Esquadrão”, a fisionomia dos que cantam revela uma suplica desesperada pelo fim de uma era em que a massa tricolor sofreu como jamais tinha ocorrido nos 79 anos de história do Baêa.

Ainda lembro do choro do goleiro William Andem, no primeiro rebaixamento, em 1997. Iniciava-se o tormento. (Na verdade, a crise começou antes, mas foi anestesiada pelo gol de Raudinei, em 94.)

E os fracassos continuaram, tanto na Segundona quanto no Baiano. Tudo bem, tudo bem: o tricolor foi bicampeão do Nordeste. Mas só retornou à Série A pelo caminho vergonhoso da virada de mesa, e logo depois o castigo veio em dobro, no inferno da Terceira Divisão. Sem antes passar pelo purgatório de levar 7 a 0 do Cruzeiro e 6 a 2 do Vitória. Neste Ba-Vi, eu chorei no Barradão pela primeira vez com futebol, pensando que o Bahia fecharia as portas.

A torcida tricolor teve de engolir jejum de títulos no estadual e derrotas para Coruripe, Ananindeua, Ferroviário e outros. Sem falar em carrascos como Pantico, um dos muitos nomes diferentes que atormentaram as zagas tricolores.

Até quando o Baêa conseguiu um dos poucos momentos de glória, no retorno à Série B, o grito ficou entalado, pois a festa foi interrompida pela tragédia da Fonte Nova. E a mãe Fonte é matreira. Ela começará a ser reerguida no mesmo ano em que o filho mais chegado vai retornar ao posto dos melhores do país. Quando ficar pronta, a Nova Fonte vai querer receber no seu gramado aquele velho tricolor campeão dos campeões.

Portanto, vamos comemorar até segunda-feira e depois começar a exigir qual e quando será a próxima conquista. A massa tricolor está igual a um gordo que ficou um dia inteiro sem comer: sedenta e com uma multiplicada fome por títulos e glórias. Vencemos o Inter em 1988. Vinte e dois anos depois, parece que o Bahia parou no tempo, se compararmos com o time gaúcho bicampeão da Libertadores. Não há mais espaço para amadorismo. Com a força de uma nação como a massa tricolor, o Mundial de Clubes tem de ser logo ali. Os tricolores não aceitam menos do que isso. Né não, Marcelinho Guimarães?

* João Eça é jornalista. Este texto foi publicado primeiramente na edição do dia 14/11/2010, do jornal Massa!, do qual João Eça é repórter.

O Gigante voltou!!!!!!!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quando o Bahia subir

MARCELO BARRETO

Quando o Coritiba subir, terá sido com raça e competência para não se deixar abalar por um rebaixamento no ano do centenário. Quando o Figueirense subir, ninguém estranhará receber um time bem organizado como ele na Série A. Se o América-MG subir, será a volta de uma camisa tradicional que já conheceu até a segundona do Mineiro. Se o Sport subir, o fará com uma arrancada irresistível, para devolver ao convívio dos maiores quem há pouco venceu a Copa do Brasil e fez belo papel na Libertadores. Se a Portuguesa subir, será com uma reta final daquelas de aposentar os matemáticos. Cada acesso terá sua história, seu mérito, seu valor. Mas hoje – com a permissão dos torcedores de todos os candidatos – eu quero falar do Bahia.

Tenho uma simpatia pelo tricolor da Boa Terra que vem dos tempos de criança. Gostava do uniforme, dos Ba-Vis, do ponta-direita Osni. Nos Gols do Fantástico, as cores das imagens que vinham de Salvador pareciam mais vivas e a rede da Fonte Nova demorava mais tempo a estufar. O Bahia, para mim, sempre foi um grande. E eu o vi mostrar essa grandeza a todo o Brasil em 1988, com a elegância sutil de Bobô que inspirou o verso de Caetano Veloso. (Aliás, esse título tem uma história que merece parênteses. Um conhecido jornalista do Rio de Janeiro, cobrindo a semifinal em Salvador, dizia a todos os motoristas de táxi, imitando a forma local de pronunciar o nome do time: “A imprensa carioca está com o Baêa!” Foi uma estratégia bem-sucedida para atrair a simpatia dos soteropolitanos, até a corrida em que o taxista respondeu: “(Piiii)-se, eu sou Vitória.”)

Então, aproveito para dizer que gostar do “Baêa” não é desmerecer o Vitória. É que o rubro-negro está onde merece, entre os grandes. Enquanto isso, o tricolor sofre o mais longo afastamento da Série A entre os times mais tradicionais do Brasil. Há trajetórias mais dramáticas, como a do Santa Cruz, que despencou para a Série D e de lá não consegue sair. Mas desde 1997 – quando foi rebaixado, menos de uma década depois de ser campeão -, o Bahia passou apenas quatro anos na Série A (à qual voltou via Copa João Havelange) antes de cair de novo e conhecer a Série C.

Nessa acidentada trajetória, o tricolor perdeu jogos, perdeu a Fonte Nova (interditada por causa de um acidente num jogo em que conseguiu o acesso à Série B), perdeu credibilidade, mas não perdeu a torcida. Ao longo de uma década infeliz – em que não conseguiu se impor sequer no âmbito regional, conquistando apenas um Campeonato Baiano -, ficou claro que os torcedores eram seu maior patrimônio. Os gritos de “Baêa!” encheram estádios até na Série C. Uma vez escrevi que tamanho de torcida deveria ser contado no estádio, e por esse critério a do Bahia seria a maior do Brasil. (Era só uma licença poética, mas serviu para que eu fosse espancado em algumas comunidades na internet. Pois agora acrescento outra, mas dou o crédito para sermos linchados juntos: meu amigo Toninho Neves me disse que o Bahia é o time fora do eixo Rio-São Paulo que mais bota torcedores nos jogos fora de casa. Pronto, falei.)

Maior ou menor do que as outras, a torcida do Bahia já deu mostras da festa que fará quando seu time voltar à Série A. A recepção do time no aeroporto, depois da vitória sobre o Paraná, foi uma das imagens mais impressionantes do ano no futebol brasileiro. Não era o jogo da classificação. Era a trigésima segunda de 38 rodadas da Série B. E nem mesmo a liderança tinha sido conquistada. Mas o time chegou a Salvador nos braços do povo. Só faltou um caminhão do corpo de bombeiros – ou, sem medo de estereótipos, um trio elétrico – para o desfile triunfal. Era um anúncio, uma prévia das manifestações que estão por vir.

Porque o Bahia vai subir. A falta de lógica do Campeonato Brasileiro, seja ele de Série A ou B, se esmera em desmentir garantias como essa (até hoje Paulo Cesar Vasconcellos tem de ouvir minhas provocações pela frase que repetia no Troca de Passes em 2007: “O Corinthians não vai cair!”). Mas eu me arrisco. Porque não é só matemática, é a paixão que está traçando o caminho da volta. O Bahia, que já era grande em 1959, quando deixou para trás o Santos de Pelé e conquistou a Taça Brasil (da qual seria ainda vice-campeão em 1961 e 63, perdendo para o mesmo Santos, porque ganhar de novo do time do Pelé era brabo), vai reencontrar seu lugar entre os maiores. Eu adoraria completar: para não mais sair. Mas isso, na situação atual do futebol brasileiro, não é fácil para ninguém.

Por enquanto, só dá para dizer que quando o Bahia subir vai ser lindo.

E segue o drama